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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O Museu Judaico de Berlim




Hoje nossa coluna não trará uma dica específica de arquitetura ou decoração, mas um belo cartão postal da arquitetura mundial, o Museu Judaico de Berlim.
Há tempos quero escrever sobre esse museu, que além de ser importante para a história do meu povo, é uma obra genial de arquitetura que incorpora em cada centímetro a genialidade do arquiteto e sua relação com a história judaica, que se traduz nas paredes do museu como poesia pura.




Daniel Libeskind, o arquiteto responsável pelo projeto do museu, é polonês naturalizado americano e nasceu pouco depois dos horrores da Segunda Guerra Mundial, filho de sobreviventes.  Ele criou um espaço artístico em que em suas próprias palavras , "evoca a extraordinária história da comunidade judaica berlinense, uma história viva que não é marcada apenas pela tragédia".


O Arquiteto Daniel Libeskind

O museu também traz a discussão do papel da arquitetura como agente social e simbolo da história de um grupo ou povo, traduzindo o ato de projetar e construir numa espécie de memória viva e sólida das sensações e acontecimentos vividos por ele.
Libeskind lidou sabiamente ao materializar o Holocausto em uma arquitetura simbólica que explora as sensações dos usuários para recriar uma atmosfera aterradora a que seus antepassados foram submetidos e ao mesmo tempo mostra que a história do povo judeu não acaba neste momento histórico e sim sofre um “recomeço”.
A vivência do espaço arquitetônico é fundamental em obras deste porte e para isso Libeskind se valeu de muitos recursos cuidadosamente estudados:


A estrela de David estilhaçada



A estrela de David é um símbolo formado por dois triângulos invertidos, que representam entre outros significados, a concretização e a importância e magnitude do reinado de David sobre a Terra.
Na obra de Libeskind ela aparece desconstruída,  e esses estilhaços da estrela assumem as formas das aberturas que trazem luz ao museu e representam alguns significados, como: a forma nas quais os judeus eram transportados, em que só conseguiam ver a luz através das frestas carros de bois e ao meu ver as inúmeras cicatrizes de um povo ao longo do tempo mas que não chegaram a destruí-lo por completo, mas que permanecem, para nos lembrar.







Essas aberturas são a única ligação entre a parte externa e interna do museu, que possui um formato descontruído visto de cima, na intensa representação dos obstáculos e diversos caminhos percorridos pelo povo judeu na sua história, tanto na Alemanha como em outros lugares e dão uma visão poética aos visitantes do momento histórico.
Para uma sensação maior de quebra e desconforto o piso foi feito em vários níveis e com uma leve inclinação e as paredes inclinadas em diversos ângulos desorientam o visitante. Corredores estreitos e altos trazem a sensação de opressão e angústia de um único caminho a seguir, sem liberdade e sem poder voltar atrás e nem saber o que nos espera à frente, exatamente como nos campos de extermínio.
O grande vazio que permeia toda a construção traz uma ligação entre a história da Alemanha e a história dos judeus na Alemanha, que é fraturada e descontinua.



Os três eixos da construção são:
  • O Eixo do Holocausto, onde ao fundo se tem uma pesada porta metálica que leva o visitante à uma sala fechada de concreto com mai s de 20 metros de altura, com um único feixe de luz superior.


  • O Eixo do Exílio com a mesma porta pesada que nos leva ao lado de fora onde um jardim de esculturas de concreto representa a exclusão dos judeus na Alemanha, a Diáspora (a dispersão do povo judeu pelo mundo) e a massificação do extermínio, como se todos fossem a mesma pessoa.


  • O Eixo da Continuidade, o maior de todos, possui uma escadaria enorme com vigas de concreto inclinadas que cortam o ambiente e ao subir ou descer se tornam mais evidentes, numa metáfora (análise minha) aos obstáculos que vencemos e os que estão por vir na continuidade de nossas histórias. 


Em um dos três patamares da escada uma sala com pé direito alto e iluminada por uma clarabóia possue peças com desenho de rostos jogados no chão, feitas a mão, nenhum rosto é igual ao outro, confirmando ainda mais a dor da perda da indentidade a qual o povo judeu muitas vezes foi submetido.




 Mais uma vez vemos um belíssimo exemplo da arquitetura fazendo um de seus principais propósitos com maestria. O de tornar a interação entre ser humano e obra uma experiência sensorial e de vida.

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