O custo de
contratar um arquiteto
pode caber no orçamento para
decorar ou reformar a residência
pode caber no orçamento para
decorar ou reformar a residência
Fernanda Colavitti
Ter uma casa bonita, confortável e desenhada por um arquiteto como nas revistas de decoração não é só para milionários e celebridades. A supervisão de um profissional qualificado ajuda muito na concepção do novo espaço para a moradia e pode garantir o bom andamento de qualquer obra. Em um imóvel recém-adquirido ou em via de ser reformado, dá até mesmo – acredite – para economizar nos gastos, no fim das contas. "O arquiteto tem uma visão global, que lhe permite desenvolver um projeto no qual estarão planejadas todas as etapas da construção, evitando desperdício de tempo e de material", explica o arquiteto José Borelli Neto, diretor do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP). Com o acompanhamento de um profissional, evitam-se dores de cabeça típicas de reformas e construções, como escolher e comprar material e fiscalizar o trabalho de pedreiros, e, o que é mais importante, reduzem-se bastante os riscos de ter de derrubar tudo e fazer novamente. É por esses motivos que a procura pelo serviço vem aumentando. De acordo com uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Arquitetos de Interiores e Decoradores (ABD), 62% dos entrevistados afirmaram que, em relação a seus pais, estão investindo mais em decoração.
"A arquitetura é um
mercado em expansão, que vai conquistando a classe média", atesta o
presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, Gilberto Belleza. Segundo
ele, a mudança de comportamento deve-se também ao aumento do número de
profissionais no mercado, o que tornou os preços mais acessíveis. "Até a
década de 60, somente a Universidade de São Paulo e o Mackenzie ofereciam
cursos de arquitetura. Agora, só em São Paulo já são mais de sessenta
escolas", contabiliza. Os consumidores começaram a descobrir que há gente
talentosa a preços mais acessíveis que os de vedetes da prancheta, como Sig
Bergamin, João Armentano e Brunete Fraccaroli, de São Paulo, ou Cláudio
Bernardes e Chicô Gouveia, do Rio de Janeiro. Como, aliás, ocorre na maioria
das atividades profissionais. As formas mais comuns de cobrança são por metro
quadrado do projeto de casa ou apartamento, por hora de trabalho (quando se
trata de um pedido específico, como escolher os móveis junto com o cliente) ou
ainda com base em um porcentual sobre o custo total da obra (confira no quadro). O
arquiteto pode fazer projetos completos de imóveis residenciais e comerciais ou
efetuar reformas internas gerais ou de apenas alguns cômodos, além de cuidar de
todos os detalhes da decoração, como combinar os tecidos de sofás com as
cortinas. Alguns realizam todas as etapas. Outros se dedicam mais à parte
interna dos imóveis e recebem a denominação de arquitetos de interiores –mercado também disputado pelos decoradores, aqueles sem diploma de curso
superior em arquitetura. O decorador, ao menos na teoria, não tem habilitação
para derrubar paredes ou mexer na parte elétrica e hidráulica, mesmo que possa
fazê-lo até bem graças à experiência. Na prática, sua função limita-se mais à
escolha de móveis, tecidos e revestimentos.
Os preços
variam bastante, em conseqüência da experiência de um profissional e – sobretudo – da quantidade de ricos e famosos que
integram seu portfólio. Um projeto assinado por Sig Bergamin (responsável pelas
residências de nomes como Roberto Marinho, Maitê Proença, Malu Mader e Nizan
Guanaes) pode chegar a 80.000 reais.
Para consultar o também consagrado João Armentano – que tem entre seus clientes os apresentadores Angélica, Eliana e Luciano
Huck – , pode ser preciso desembolsar algo
semelhante. "A assinatura de arquiteto conhecido valoriza o imóvel",
garante Armentano. Ele conta que um cliente repetiu seu nome mais de trinta
vezes na planta de um imóvel que desejava vender. "Não ganho pela obra,
mas por seu resultado final, pela qualidade do trabalho, que é o que atrai as
pessoas", completa. É possível encontrar arquitetos com experiência que cobram
3.000 reais
pelo projeto de um apartamento de 150 metros quadrados ou até 60 reais pela
hora de consulta. Outro expediente para reduzir o impacto do custo é dividir o
valor do projeto, conforme suas etapas. Para não haver desentendimentos, o
cliente deve deixar bem claro quanto pretende gastar antes de iniciar o
trabalho. O mais importante na hora de escolher um arquiteto é certificar-se de
sua competência e identificar-se com seus projetos. Antes de contratá-lo,
recomenda-se verificar se ele está cadastrado no Crea. O órgão alerta para a
necessidade de fazer um contrato escrito, que deve especificar em quanto tempo
o projeto será entregue, bem como o detalhamento de todas as suas etapas.
"O arquiteto é como um médico. Para contratá-lo a pessoa deve confiar em
sua capacidade", compara Brunete Fraccaroli, também uma expoente do ramo.
Dona de uma grife muito celebrada no mercado, Brunete aconselha os
interessados, entretanto, a buscar menos o nome e mais a identidade com o
estilo do trabalho já realizado pelo profissional. Segundo ela, num mundo que
valoriza cada vez mais a moradia, o arquiteto deixou de ser uma criatura
supérflua, antes procurada para dar palpites sobre a cor da cortina, para se
converter em um fornecedor de boas soluções para a vida das pessoas dentro de
casa.
Segue o link :http://veja.abril.com.br/170101/p_112.html
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